CUCA X ABEL: 'MEDO' MARCA DUELO, MAS ATLÉTICO X PALMEIRAS PODE MUDAR ISSO

Times de Cuca e Abel Ferreira vão se enfrentar pela quinta vez (Foto: Pedro Souza/Atlético e Cesar Greco/Palmeiras)

Cuca e Abel Ferreira protagonizaram jogos decisivos nos últimos meses. Os treinadores se encontraram em fases avançadas da Copa Libertadores: a finalíssima da temporada 2020 e a semifinal de 2021. As partidas ficaram mais marcadas pela cautela excessiva - que, por vezes, se confunde com o medo - do que propriamente pela ofensividade. No Atlético x Palmeiras desta terça-feira, porém, isso pode mudar.

O retrospecto geral aponta equilíbrio. Foram quatro confrontos entre os técnicos, com uma vitória para cada lado e dois empates (veja abaixo). Abel sempre representou o Palmeiras, enquanto Cuca esteve à frente do Atlético em duas oportunidades e do Santos em outras duas.

  • Santos 2 x 2 Palmeiras - 5/12/2020, pelo Campeonato Brasileiro de 2020 (Abel não esteve no banco, pois se recuperava de COVID-19)
  • Palmeiras 1 x 0 Santos - 30/1/2021, pela final da Copa Libertadores de 2020
  • Atlético 2 x 0 Palmeiras - 14/8/2021, pelo Campeonato Brasileiro de 2021
  • Palmeiras 0 x 0 Atlético - 21/9/2021, pela semifinal da Copa Libertadores de 2021

As partidas pelo Campeonato Brasileiro, menos decisivas, foram mais abertas. Em dois jogos, seis gols marcados - média de três por confronto. O mata-mata, no entanto, faz com que os treinadores sejam mais defensivos. Na final da Libertadores, o Palmeiras de Abel venceu o Santos de Cuca por 1 a 0, com um gol de Breno Lopes nos acréscimos do segundo tempo. Poucos foram os lances de perigo naquela decisão.

O jogo de ida da semifinal entre Atlético e Palmeiras, na última terça-feira, terminou sem gols e apenas uma finalização no alvo - no início da partida, Rony bateu fraquinho, num chute que mais pareceu um recuo para o goleiro Everson. A melhor chance alvinegra esteve nos pés de Hulk, que cobrou um pênalti na trave.

A expectativa é que o cenário mude, ainda que ligeiramente, no jogo desta terça-feira. Afinal, quem vencer garante vaga na final. Novo 0 a 0 leva a decisão para os pênaltis, enquanto qualquer outro empate é favorável ao Palmeiras, devido ao critério do número de gols marcados fora de casa.

Mais um fator que pode indicar um jogo aberto: o Atlético jogará sob o apoio de aproximadamente 18 mil torcedores, já que o público voltou a ser liberado nas partidas disputadas em Belo Horizonte em meio à pandemia de COVID-19. A bola rola às 21h30 desta terça, no Mineirão.

O Atlético de Cuca

A expectativa é que os donos da casa tomem as rédeas ofensivas da partida, enquanto os visitantes apostem na forte marcação e nos contra-ataques. O jeito de atacar do Atlético, porém, depende de quais peças estarão à disposição de Cuca. Keno (virose), Savarino (em transição após se recuperar de lesão na coxa direita) e Diego Costa (incômodo na coxa esquerda) são dúvidas.

A tendência é que Eduardo Vargas ou Keno - com favoritismo para o primeiro - forme dupla de ataque com Hulk. No meio, quatro jogadores: Allan e Jair fazendo a contenção e iniciando as jogadas; mais à frente, Matías Zaracho deslocado para a direita e Nacho Fernández à esquerda. Assim foi no Allianz e assim deve ser no Mineirão.

Se Cuca tirar Vargas e escalar Keno na ponta esquerda, Nacho passa a ter mais mobilidade pelo centro do campo - função em que rendeu mais pelo Atlético. O time, por sua vez, ganha um escape em velocidade, o que faltou nos últimos jogos. Dificilmente Diego Costa terá condições de atuar, enquanto Savarino deve ser opção no banco de reservas.

A linha defensiva será aquela a que o torcedor está acostumado: Mariano, Nathan Silva, Junior Alonso e Guilherme Arana - este último com importante papel ofensivo pela esquerda.

O lateral da Seleção Brasileira, aliás, é fator de preocupação para Abel Ferreira. O treinador admitiu na entrevista após o jogo de ida a necessidade de dar atenção especial à marcação de Arana. Não à toa, escalou Rony daquele lado para marcá-lo de perto. Isso tende a se repetir no Mineirão.

Defensivamente, o Atlético é muito forte. Embora tenha vocação ofensiva, o time corrigiu um defeito da temporada passada e dá pouquíssimo espaço para contra-ataques. Não à toa,  pode ser um dos finalistas da Libertadores menos vazados da história .

Quando Arana sobe pela esquerda, Allan se desloca para fazer eventuais coberturas por aquele lado. Há, sempre, pelo menos quatro jogadores de linha recuados para evitar contragolpes: os zagueiros, um lateral (geralmente Mariano) e um volante (geralmente Allan). Jair tem um pouco mais de liberdade que o companheiro de posição.

  • Provável Atlético : Everson; Mariano, Nathan Silva, Junior Alonso e Guilherme Arana; Allan, Jair, Matías Zaracho e Nacho Fernández; Eduardo Vargas e Hulk

O Palmeiras de Abel

Em casa, o Palmeiras pouco se arriscou. Fora, não deve ser diferente - a menos que tome um gol que o "obrigue" a buscar o empate. O time de Abel Ferreira deve ser o mesmo que iniciou o jogo no Allianz Parque. Afinal, a estratégia de não ser vazado pelo poderoso ataque atleticano funcionou.


  • Provável Palmeiras: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Luan e Piquerez; Felipe Melo, Zé Rafael e Raphael Veiga; Rony, Dudu e Luiz Adriano.

Defensivamente, o Palmeiras deve se portar de forma muito parecida com o que fez no Allianz. Contra o Atlético, Abel apostou numa inversão de zagueiros, com Gustavo Gómez na direita e Luan na esquerda. Na derrota por 2 a 1 para o Corinthians nesse sábado, porém, o treinador optou por trocar novamente os lados dos defensores, com o paraguaio na canhota.

Espera-se que Gómez volte a atuar na direita no Mineirão. Afinal, ele é o zagueiro mais rápido e firme do time - características necessárias para marcar o lado mais forte do Atlético, o esquerdo, que conta com Guilherme Arana.

Na lateral esquerda, Piquerez deve ganhar nova oportunidade. Jorge estreou contra o Corinthians, mas não deve ter condições de jogar os 90 minutos no Mineirão. Portanto, fica no banco de reservas.

A maior surpresa na escalação do jogo de ida foi a titularidade de Felipe Melo. O experiente volante é opção de Abel Ferreira para suportar o jogo físico do Atlético de Hulk e, naquela noite, Diego Costa. Deu certo. Danilo iniciou no banco no Allianz, o que deve se repetir no Mineirão.

Daí para frente, pouco deve mudar. Zé Rafael e Raphael Veiga compõem o meio-campo, com Rony (direita), Dudu (esquerda) e Luiz Adriano (centralizado) à frente. Existe a possibilidade de Abel apostar na velocidade de Wesley no lugar de Luiz Adriano (com Rony de centroavante), mas as chances são menores.

Ofensivamente, o time aposta especialmente nas arrancadas em contragolpes pela esquerda, já que Arana é o lateral alvinegro que mais avança. Dessa forma, os comandados de Abel Ferreira se mostraram mais fortes ao longo da temporada. O ataque posicional, contra defesas estruturadas, tem sido uma dificuldade e expõe os problemas criativos do ataque alviverde.

*Super Esportes

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