LERRON SANTIAGO, ÍCONE DA COMUNICAÇÃO POLICIAL DO AMAZONAS MORRE NESTA QUARTA FEIRA

 

O radialista e jornalista policial Lerron Santiago, de 63 anos, morreu na noite da ultima quarta-feira (8), no Hospital Platão Araújo, zona Leste de Manaus, após passar mal em casa. Lerron estava acometido de cirrose hepática e no último mês houve um agravamento da doença. 


 No início da noite, familiares emitiram uma nota nas redes sociais informando que Lerron estava na sala de reanimação e pediram orações.


Lerron era conhecido por diversas coberturas policiais, foi anunciado como novo reforço na equipe de reportagem do Portal Tucumã em 2020, onde fazia transmissões via Live.

Ele também apresentava um programa policial na rádio comunitária “A Voz das Comunidades” somou diversos trabalhos na televisão, principalmente no antigo Canal Livre, apresentado pelos irmãos Wallace, Carlos e Fausto Souza. 

Ele chegou a aparecer na série da Netflix Bandidos na TV e sempre foi um dos profissionais mais queridos pelo público do programa.

O filho do ex-deputado Wallace Souza disse que toda a equipe do programa está desolada. 

"Ultimamente (Ele) estava muito abatido. Pedimos pra ele ficar em casa e ele começou a emagrecer muito rápido. Sentiu falta de ar, foi pro hospital e não resistiu", contou Willace Souza. 

Lerron participou também de um programa de TV feito pelo ex-deputado federal Sabino Castelo Branco.


Nota

A família divulgou uma nota comunicando o falecimento de Lerron e pediu orações por ele. 

“Amigos, com muita tristeza e dor no coração, comunico o falecimento do nosso eterno repórter e irmão da nossa família do programa, Lerron Santiago. Peço que todos os coloquem ele em suas orações”, diz a nota.


Prefeitura de Manaus se solidarizou com a família.



O prefeito de Manaus, David Almeida, lamentou profundamente a morte do jornalista Lerron Santiago, 63 anos, ocorrida nesta quarta-feira, 8/12, no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, na zona Leste.

“Neste momento de dor, que Deus seja o sustento e o consolo dos familiares e dos amigos do Lerron Santiago, que era uma pessoa muito querida e profissional marcante no setor da comunicação”, disse.

 

Nascido em Belém, no Pará, Lerron estava em Manaus desde a década de 80, tendo atuado em várias emissoras de TV, rádios, assessorias e portais de notícia.

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ACOMPANHE VÍDEOS DE LERRON NO ANIVERSÁRIO DE JOTA AUGUSTO EM 2020:





O diretor-presidente deste portal, jornalista Jota Augusto foi colega de trabalho por diversas vezes de Lerron Santiago: na extinta rádio Baré, na rádio Ajuricaba nos anos 80, no programa Canal Livre, na rádio "A Voz das Comunidades" na zona Leste, e mais recentemente na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. " Lerrote como eu o chamava era um cara diferenciado, vivia pras notícias", suas duas paixões esportivas eram o Paysandu em Belém e o Botafogo do Rio, eu costumava visitá-lo na sua casa no Núcleo 16 na Cidade Nova", finalizou Jota.

Origem

Lerron Santiago nasceu em Belém, no Pará. Ele iniciou sua trajetória aos 17 anos como locutor em aparelhagens, uma espécie de “paredão”.

Desde cedo, em 1975, começou no jornalismo policial, seguindo os passos de Adamor Filho, que iniciou a carreira em 1963. 

Fazia a linha que ficou nacionalmente conhecida com Afanasio Jazadji-  (o Gil Gomes), famoso repórter paulista do extinto “Aqui e agora”, SBT.

Trabalhou nas caixas de som de rua, que no Amazonas eram os “serviços de autofalantes”, serviços esses muito comuns em Belém como “aparelhagem”. 

Chamou a atenção da Rádio Clube onde deu ponta pé inicial. Depois foi para Macapá e, finalmente, chegou a Manaus onde se estabeleceu na rádio Baré.

Usava o bordão: “se você não quer que seu nome apareça, não deixe que o fato aconteça”. 

Era uma forma de antecipar o barulho que seria os fatos.

Adamor Filho, era repórter policial do programa  “A Patrulha da Cidade”, na Rádio Marajoara, no Pará, seu programa eram considerado um escândalo de audiência no rádio. Era bem na hora do almoço. 

Durante o dia, desde a madrugada, ele entrava com matérias sobre o submundo da cidade sempre que a morbidez do fato justificasse uma nova notícia. Seguiu a carreira politica foi vereador por dois mandatos e após 40 anos de rádio. Já hipertenso,  em 2006 era  morreu numa praia enquanto passava férias, e seu corpo foi para no IML, local onde ele observava o corpo de outros.

Já Lerron seguiu os passos de Adamor, passando a burlar todas as regras estabelecidas no jornalismo, noticiava mortes, de dia, de noite, nas madrugadas com grande estardalhaço. 

Era uma hora de expectativa, até um desfecho mais que dramático: “… e o corpo se estatelou numa poça de sangue rubro, no asfalto da Serzedelo Corrêa!!!”.

Segundo relatos próprios, não tinha vergonha de seu primeiro trabalho na rádio em Manaus:

“A Rádio Baré ficava na avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus. Eu não tinha onde morar, não tenho vergonha de dizer. Me deram um quartinho na rádio, eu dormia em uma caixa de papelão de geladeira, iam deixar café e almoço para mim. Ao lado tinha um restaurante e a rádio pagava para mim”, relembra.


Convivência com Wallace Souza

Em entrevista, Lerron Santiago falou um pouco da convivência com o já falecido e ex-deputado estadual Wallace Souza, principal apresentador do programa Canal Livre, na TV Rio Negro, hoje  Band Amazonas

Lerron trabalhou ao lado de repórteres como Wanderley Modesto, o “homem do sapato azul”, Nonato Silva, o “filho da dona Iracema”, Ed Castro e Gisele Vaz. Ele conta que recebeu o convite para trabalhar no Canal Livre de forma inusitada.

O repórter teve uma reunião com o ex-parlamentar e começou a gravar matéria nas ruas, tendo dicas de Wanderley Modesto.

Série Netflix- Uma matéria exibida no Documentário, 'Bandidos na Tv'; uma das cenas marcantes de sua carreira foi protagonizadas em 29/08/2008, quando um corpo carbonizado de um homem identificado como 'Renato Fernandes Teixeira' de 37 anos, foi encontrado numa área de mata fechada. 

Lerron e sua equipe chegam ao local antes de outros veículos de comunicação, dando um furo na epoca, e narra com detalhes a cena do corpo carbonizado: onde afirma o horário  ( madrugada)  em que foi desovado o corpo,  o (gênero)   sexo masculino, (motivação e dinâmica) sem perfurações de bala, para a 'queima' usaram gasolina. 


O mais curioso era que a pericia ainda nem havia feito os trabalhos técnicos na vitima.

Nessa época o caso Wallace já estava sendo investigado pela Policia e Ministério Publico AM.

Arquivo

Em uma publicação do Jornal do Comercio, edição nº 35070 em dezembro de 1989, para divulgar o novo contratado da casa e sua estreia na Rádio Baré e FM 93, Lerron eternizou seu bordão na área policial  e foi consagrado como melhor repórter policial da Amazônia.

 "O pau canta, doa a quem doer, pois polícia é noticia. Não deixe que o fato aconteça"!




Com esse slogan que o caracterizou por muitos anos em seu programa na rádio. Por sua improvisação fantástica, leitura vibrante, vivendo os fatos como eles são, à luz da verdade. Assim seguiu por muitos anos.

Lerron era do time dos antigos repórteres, mas nunca gostou de estar parado, estava nas ruas chovendo ou fazendo sol, era sempre ativo, no meio dos mais novos recém formados, compartilhava suas experiências. 

Na prática contava com detalhes o fato, descrevia todo o ambiente, fazia com que aqueles que apenas estavam ouvindo, participassem da noticia.

O mais curioso de tudo, é que sua estreia na rádio Baré se deu em dezembro de 1989, e sua partida  dos microfones amazonenses, 32 anos depois,  também em dezembro de 2021. 

Velório

O velório de Lerron Santiago será realizado na sede Rádio Voz das Comunidades (rua 36, bairro Mutirão, próximo ao posto de saúde), a partir das 2h desta madrugada.

Especial: Por Adriano Souza e Redação!


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