MORRE BEBÊ DE 4 MESES APÓS DEMORA DO GOVERNO DO AMAZONAS NO PROCESSO DE DEMORA DE TRANSFERÊNCIA (TFD)PARA TRANSPLANTE DE FÍGADO, E DEP WILKER DENUNCIA

 

Um bebê de quatro meses morreu, no último 28 de maio, após ‘ficar na fila’ de um transplante de fígado por meio do Tratamento Fora do Domicílio (TFD), programa coordenado pelo Governo do Amazonas, através da Secretaria de Administração (SEAD).  A denúncia chegou ao deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania), através da família do garoto Delson Assis, nascido em Japurá (AM), 889 km de Manaus, que faleceu à espera do procedimento no  Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (ICAM), na Av. Codajás, na Cachoeirinha.  Revoltada com o silêncio e a demora em agir do Governo do Amazonas, a mãe da criança, Marcela Cunha, 28, pede justiça.

“Eu quero fazer justiça para que isso não ocorra com outras crianças. Meu filho não pode virar uma estatística e, se depender da gente, não vai virar”, frisou Marcela.

A mãe conta que ao vir a Manaus no dia 06 de março deste ano, para uma sessão de tratamento de fototerapia para icterícia, Delson ficou internado no ICAM e foi inserido num processo de investigação. Neste contexto, foi realizada uma biópsia-hepática 27 dias depois que o bebê estava na unidade de saúde, 02 de abril.  Durante o procedimento, segundo o laudo da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), o médico responsável, doutor Francisco Trindade, orientou que o garoto precisava de um transplante hepático por fígado cirrótico.


“Fui para Manaus fazer a fototerapia porque no meu município não tinha, eu o colocava no sol. Na biópsia, foi identificado que ele nasceu com malformação do fígado, mas aparentemente meu filho era saudável. Ele brincava, era alegre, não era de ficar chorando. Ficava com a pele e olhinhos bem amarelados, foi quando, ao passar do tempo, a gente começou a estranhar. E aí, com a vinda ao ICAM, ele entrou, mas não saiu mais. Desde o princípio da biópsia o médico foi bem claro, que era preciso o Delson realizar a cirurgia com urgência. O pessoal do Governo só dizia para a gente aguardar o TFD, pois tinha criança em estado pior”, recorda o pai, Delson Neto.
 
Com o resultado da biópsia, Delson Neto afirma que deu entrada no TFD no dia 04 de abril. A partir de lá, alguns estados foram cogitados para a realização da cirurgia, como São Paulo (SP), Mato Grosso (MT) e Rio Grande do Sul (RS). Durante o processo, o pai, que seria o doador, foi diagnosticado com gordura no fígado, mas a tia mais nova do bebê, por parte de mãe, Thaissa Duarte, 20, foi habilitada para o transplante.

“Depois que a gente deu a primeira entrada no TFD, eles ficaram pulando de local para local, pois não tinha vaga de leito, começaram com São Paulo, passaram para outros estados, e cogitaram São Paulo novamente. Neste meio tempo, a irmã da minha esposa foi compatível também, o exame foi muito rápido, então, não perdemos tempo quanto ao doador, porém, eles ficavam dizendo que o caso não era tão grave assim. Hoje, meu coração está dilacerado, perdi um filho. Ele era o caçula, tenho dois, mas essa dor não passa. Se tivessem corrido com o TFD, meu filho estaria vivo”, disse Delson Neto, que do Governo do Amazonas não recebeu explicações, apenas uma nota de pesar.


A perda


Na certidão de óbito de Delson, datada do dia 28.05.2023, a causa da morte acusa insuficiência renal aguda, síndrome hepática renal, sepse fúngica, insuficiência hepática crônica, cirrose hepática e atresia de via bilares.


“Num domingo (28/05), recebi a notícia, às 7h50, que meu filho havia morrido. Eu e a mãe tínhamos acabado de chegar no hospital para visitá-lo. Ele estava na semi-intensiva, e não deu tempo de mais nada, fui ver o meu bebê e soube que ele estava morto”, finalizou.


Para o deputado Wilker Barreto, o fato escancara, mais uma vez, a falta de gestão do Governo do Amazonas. “O TFD existe para auxiliar a família numa situação desta, inclusive para encaminhar a um hospital privado. É de cortar o coração receber uma notícia da perda de um bebê, é uma vida, e quantos já se foram por falta de prioridade desta gestão? É o mesmo Governo que está no 10º Termo Aditivo milionário do Delphina Aziz para realizar o serviço de transplante renal, e não faz, deixando o cidadão numa fila de espera, de angústia, de sofrimento. Que Governo é esse? ”, questiona o parlamentar.



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