CONHEÇA A PRIMEIRA MULHER TRANS A DISPUTAR UM CAMPEONATO OFICIAL NO BRASIL

 

Após 17 anos longe do futebol profissional, a atacante Nicole Rose retomou a carreira no esporte e vai disputar a Série C do Brasileirão Feminino em 2024

O tempo é relativo. De Einstein aos Incas, são inúmeras as teorias sobre a passagem dele. No entanto, há pessoas que desafiam a lógica do tempo. Nicole Rose, a primeira mulher trans a jogar futebol em uma competição oficial no Brasil, faz parte deste seleto grupo. Aos 38 anos, a atacante do Nacional Atlético Clube decidiu recomeçar a carreira no esporte, quando a maioria já está perto de encerrar, disputou uma edição do Campeonato Mineiro e vai jogar a Série C do Brasileirão nesta temporada. 

– É a retomada de algo que ficou perdido na minha vida, né? Eu lutei muito para jogar em uma competição profissional, mas não é meu desejo ter o futebol como profissão. Eu já tenho 38 anos, não tenho muito tempo para criar uma carreira longa, talvez ainda consiga jogar mais uns cinco anos, no máximo. Então, o que eu quero mesmo é abrir o caminho para que eu não seja a única mulher trans nesse lugar – contou Nicole, em entrevista à Trivela.  



Nicole se apaixonou por futebol ainda na infância, antes mesmo de se entender mulher trans. Porém, a falta de identificação com seu próprio corpo estava presente, ainda que de forma sutil. Foi por volta dos 12 anos que a sensação de desconforto se tornou mais latente, e o vestiário já parecia um lugar difícil de entrar. Por conta disso, decidiu se arriscar no tênis, pela maior liberdade no esporte individual e, em pouco tempo, encontrou uma nova paixão. 

Mesmo assim, o faro de gol não a deixava esquecer os gramados e, três anos depois, ela retornou às categorias de base. Na escolinha do América-MG, se destacou e ganhou espaço em equipes sub-17 e sub-20. Até que, aos 20 anos, firmou o primeiro contrato profissional para disputar a segunda divisão do Mineiro pelo União Luziense. 

– Eu estava jogando bem. Foi aí que eu lesionei o joelho (LCA) e tudo mudou. Durante a recuperação da cirurgia, eu já sabia quem eu era. Eu sabia que eu estava reprimindo quem eu era para tentar ser jogadora profissional. Foi um período em que  eu consegui parar para pensar e tentei enxergar como seria minha carreira depois de 15, 18 ou até 20 anos – relembrou. 

– Entendi que seria muito triste ter que reprimir mais outros tantos anos da minha vida, de ser quem eu sou, para seguir o sonho de jogar futebol. Abandonei o futebol para ser quem eu sou. 

A partir dali, Nicole deixou o esporte para trás, assim como a casa dos pais, e iniciou o tratamento hormonal para a sua transição.

Fonte: Trivela

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