JUSTIÇA DOS EUA DÁ SINAL VERDE PARA A GOL INVESTIGAR A LATAM

 

SERGIO MORAES/REUTERS

Em meio ao processo de recuperação judicial, a Gol recebeu nessa segunda-feira (12) a permissão de um tribunal dos Estados Unidos para investigar supostos esforços da Latam Airlines para adquirir aeronaves Boeing 737 da companhia aérea brasileira. Segundo a empresa, a concorrente estaria tentando adquirir parte da frota de aeronaves, além de contratar pilotos e desencorajar agentes de viagem a reservar voos com a companhia aérea.

O advogado da Gol, Andrew Leblanc, disse em uma audiência em Nova York que a empresa precisa investigar se as táticas da Latam violaram a lei de falências dos EUA. "Sentimos que estamos sendo atacados por um concorrente em nosso mercado, um ataque muito bem planejado", disse Leblanc.

O juiz responsável, Martin Glenn, ordenou que a Latam fornecesse documentos à Gol, além de apontar três executivos para entrevistas com os advogados da empresa brasileira a fim de explicar os últimos acontecimentos. 

Glenn disse que é "absurdo" acreditar em uma coincidência entre o fato de a Latam ter iniciado suas abordagens no dia seguinte ao pedido de falência da Gol.

O advogado da Latam, Kyle Ortiz, reconheceu que a carta enviada aos proprietários de aeronaves que foi a primeira vez nos últimos anos que a Latam tentou adquirir aeronaves Boeing 737 e 737 Max.

Porém, segundo ele, a empresa não foi motivada apenas pela falência da Gol, já que estava simplesmente tentando obter aviões de grandes empresas que arrendam aeronaves as companhias aéreas. "Precisamos de aviões", disse Ortiz. "Se estamos procurando 737s, é para lá que temos que ir."

Glenn não aprovou o pedido da Gol para investigar um recente anúncio de emprego da Latam que buscava pilotos qualificados pela Boeing no Brasil, dizendo não haver evidências de que a aérea tivesse entrado em contato especificamente com os pilotos da Gol.

O advogado da Gol disse que a empresa pode voltar ao tribunal mais tarde para investigar as comunicações da Latam com agentes de viagem, mas não pediu a Glenn que autorizasse uma investigação formal na segunda-feira.

Entenda o caso

A Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em 25 de janeiro. A empresa disse que tem enfrentado dificuldades com o impacto persistente da pandemia da Covid e que teve dificuldades em adquirir aeronaves Boeing 737 Max suficientes para atender a um aumento na demanda pós-pandemia.

A produção da aeronave pela Boeing foi prejudicada por uma série de crises nos últimos anos, incluindo uma pausa na produção em 2020 que se seguiu a dois acidentes fatais e um mau funcionamento recente durante o voo, no qual um painel lateral explodiu em um avião de passageiros.


Reuters*

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