COTA DO RIO NEGRO SOBE, MAS ESTIAGEM HISTÓRICA PERSISTE NO AMAZONAS, ALERTA SGB

Brazil drought reduces Amazon river port water levels to 121-year record low. REUTERS/Bruno Kelly
© REUTERS/Bruno Kelly

Nesta quinta-feira (17), o Rio Negro atingiu a cota de 12,25 metros em Manaus, capital do Amazonas. Apesar desse aumento no nível das águas, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) alerta que a elevação ainda não sinaliza o fim da severa estiagem que afeta a região. De acordo com o SGB, chuvas mais consistentes e distribuídas em toda a bacia do Rio Negro, desde suas nascentes até a foz, são necessárias para uma recuperação significativa dos níveis do rio.

Marcus Suassuna, pesquisador em Geociências do SGB, destaca que as precipitações na região continuam abaixo da média esperada para o período. Ele explica que as chuvas têm ocorrido de maneira irregular, com semanas de maior intensidade alternando com períodos de pouca ou nenhuma chuva. Essa oscilação reflete no comportamento do Rio Negro, que vem apresentando elevações modestas, o que sugere que o início da cheia ainda não está consolidado, havendo a possibilidade de estabilização temporária ou até de nova queda no nível das águas.

“A estação chuvosa tem ocorrido de forma intermitente, com semanas de mais chuvas e outras de menos. Isso faz com que o rio, no fim do período de seca, registre pequenas elevações e, eventualmente, estabilize”, explicou Suassuna, ressaltando que as condições climáticas continuam sendo um desafio para a recuperação plena do Rio Negro.

Esse cenário é típico do fenômeno conhecido como “repiquete”, que já foi registrado em anos anteriores. Em 2022, por exemplo, o Rio Negro começou a subir em 28 de outubro, mas voltou a apresentar queda em 8 de novembro. O repiquete é comum nas transições entre a seca e a cheia no Amazonas, marcado por flutuações no nível do rio que podem enganar, sugerindo erroneamente o fim da estiagem.

A seca deste ano, contudo, já é considerada a mais grave da história recente. No dia 9 de outubro, o Rio Negro atingiu 12,11 metros, seu nível mais baixo já registrado. Esse valor é especialmente alarmante, uma vez que o recorde anterior, de 13,63 metros, havia sido observado em 2010. A intensidade da seca tem gerado grandes impactos nas comunidades ribeirinhas e na economia local, com dificuldades no transporte fluvial e nas atividades de pesca, que dependem diretamente dos níveis do rio.

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