SECA DIFICULTA O MANEJO DO PIRARUCU EM CARAUARI
Margens do rio Juruá durante a seca histórica que afetou o Amazonas no ano passado (Foto: Divulgação/ Francisca Cunha) |
Dos dez grupos participantes do arranjo comercial liderado pela ASPROC em Unidades de Conservação e Acordo de Pesca localizada no município de Carauari (AM), apenas cinco iniciaram a pesca devido a dificuldades logísticas causadas pela seca histórica no Amazonas.
Além da pesca do pirarucu, a do tambaqui também foi prejudicada pela seca, a pesca também é comprometida pelo início do período do defeso no dia 1° de outubro – intervalo de tempo em que a pesca de determinadas espécies de peixes é proibida, ou restrita, com o objetivo de proteger os animais durante suas fases mais vulneráveis, como reprodução, crescimento ou migração, garantindo a sustentabilidade das populações aquáticas.
O maior risco é o de desabastecimento da espécie no mercado – a meta da ASPROC para a safra de pirarucu em 2024 são 460 toneladas de peixe. Neste mesmo período no ano passado, 50% desse volume já estava em processamento no frigorífico, sendo que este ano, até o momento, apenas 25% do peixe capturado foi entregue.
As organizações comunitárias envolvidas na cadeia do pirarucu pedem que o poder público tome medidas imediatas para atenuar esse sofrimento das famílias manejadoras e que dialogue com as organizações comunitárias para construção imediata de um plano emergencial de adaptação a mudanças climáticas extremas como a seca em curso.
Em agosto de 2024, técnicos do Instituto Mamirauá, parceiro da ASPROC, elaboraram o documento “Carta com Recomendações para Mitigação dos Impactos das Estiagens Severas em Comunidades Ribeirinhas do Amazonas”.
O documento foi entregue ao vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza, durante visita à Reserva Mamirauá, com sugestões que incluem o mapeamento das comunidades em risco de isolamento, a ampliação da comunicação via internet para áreas vulneráveis e o aumento da rede de estações de monitoramento do nível do rio.
Também foi proposta a criação de um Fundo de Ações Emergenciais e a inclusão de instituições e pesquisadores do interior no Comitê Técnico Científico sobre Mudanças Climáticas.
Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo Florestal Comunitário do Instituto Mamirauá, relatou os principais desafios enfrentados pelos grupos durante a estiagem. O manejo do pirarucu ocorre entre agosto e novembro anualmente. “O aumento no custo dos insumos está impactando a cadeia produtiva do pirarucu e outras atividades. O preço dos insumos nas sedes dos municípios e nas comunidades está muito alto devido ao aumento do frete e ao maior tempo de deslocamento”, explicou.
As mercadorias, que antes chegavam diretamente ao porto, agora precisam ser transportadas por canoas ou pequenas embarcações, muitas vezes exigindo até três fretes adicionais, o que eleva significativamente os custos, segundo a coordenadora.
A CRÍTICA*
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