AMAZONAS TEM MAIOR PROPORÇÃO DE PESSOAS MORANDO EM FAVELAS DO BRASIL



(Foto: Divulgação)


De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Amazonas tem a maior proporção de pessoas morando em favelas: 34,7%, o que representa um a cada três moradores do estado vivendo em periferia. Além disso, do ranking de 20 bairros que aparecem, 6 pertencem a Manaus e somam mais de 234.107 mil habitantes, uma proporção maior se comparada a 157.440 mil habitantes nas 3 favelas do Rio de Janeiro.

Os bairros manauaras que aparecem na lista são: Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, com 55.821; Comunidade São Lucas, com 53.674; Zumbi dos Palmares/Nova Luz, com 34.706; Santa Etelvina, com 33.031; Colônia Terra Nova, com 30.142; Grande Vitória, com 26.733.

O levantamento demográfico identificou no país 16.390.815 habitantes em 12.348 favelas, distribuídas por 656 municípios. No cenário nacional, quem lidera com a maior favela é o estado do Rio de Janeiro, com a Rocinha, que possui 72.021 mil habitantes. Além dessa comunidade, a Rio das Pedras, com 55.653, e Jacarezinho, com 29.766. Somados, são 157.440 moradores, 48,70% a menos que os seis bairros de Manaus juntos.

O IBGE detalhou que 43,4% dos moradores de favelas estão na região Sudeste, somando 7,1 milhões. No Nordeste, estão 28,3% (4,6 milhões); no Norte, 20% (3,3 milhões); no Sul, 5,9% (968 mil); e no Centro-Oeste, 2,4% (392 mil).

O ativista manauara e criador do Movimento Nepal Vive, que atua na comunidade localizada na zona norte de Manaus, Dighetto, afirmou que o aumento é um sinal de alerta, por acender as desigualdades sociais.

“Como ativista, analiso o aumento da desigualdade nas favelas como um sinal de alerta. É preocupante, pois indica que as políticas públicas não estão atingindo seus objetivos e que as comunidades mais vulneráveis continuam sendo marginalizadas.”

Dighetto afirmou que esse aumento pode interferir diretamente nas comunidades mais pobres, que ficam à margem da prioridade pública. “O aumento da desigualdade gera mais pobreza, violência e exclusão, o que dificulta o trabalho de organizações como o Movimento Nepal Vive”, apontou.

Os dados do IBGE revelam que alguns dos serviços básicos nas favelas caem em relação à média nacional. Por exemplo, o esgotamento sanitário: 61,5% dos domicílios nas favelas tinham ligação com rede geral ou pluvial e fossa séptica ou filtro ligado à rede. No total do país, o percentual é de 65% nessas condições. Praticamente todos os lares em favelas (99%) tinham banheiro de uso exclusivo, que tem todas as funções e, normalmente, todos da casa utilizam.

Na coleta de lixo, a diferença social aumenta. No total do país, 83,1% dos lares possuem coleta de lixo no domicílio, nas favelas o percentual cai para 76%. Para outros 20,7%, a destinação do lixo é via depósito em caçambas.

Essa realidade é uma das criticadas pelo ativista manauara Dighetto, que afirmou que as desigualdades sociais são uma “realidade cruel nas favelas”, porque “os moradores enfrentam falta de água potável, esgoto, educação de qualidade, segurança e opções de lazer. Isso afeta diretamente a saúde, educação e desenvolvimento das pessoas”, explicou.

O ativista também ressaltou que as ações do estado ainda são “insuficientes”, pois “muitas vezes, os serviços básicos não são oferecidos ou são de baixa qualidade. O Movimento Nepal Vive precisa suprir essas lacunas, oferecendo programas de educação, cultura, esporte e assistência social. É um desafio constante, mas trabalhamos para garantir que as comunidades tenham acesso a direitos básicos”, afirmou o jovem, que vive na comunidade Nepal, no bairro Nova Cidade.

Outro fator de favelização, segundo levantamentos feitos pelo MapBiomas entre 1985 e 2020, Manaus se tornou a cidade com maior crescimento de favelas no Brasil, superando Belém. No ranking das cinco capitais que registraram os maiores crescimentos de ocupações irregulares aparece Manaus com 9.549 hectares, seguida de São Paulo 5.579; Belém 5.450; Rio de Janeiro 5.038 e Salvador 4.793.

“Nas duas grandes capitais da região norte, a informalidade tem sido a regra nos últimos 36 anos, já que, nos dois casos, os percentuais se mantêm acima dos 50%.  Belém tem 51% de sua área urbanizada ocupada pela informalidade, enquanto em Manaus esse percentual é de 48%”.

Um dos problemas da expansão das favelas, segundo matéria divulgada pelo MapBiomas nesta sexta-feira (08/11), são as ocupações de encostas, mais suscetíveis a deslizamentos. Esse modelo teve um crescimento maior no período: 3,3% ao ano, sendo que 70% dessa ocupação nas encostas aconteceu nos últimos 38 anos.



A CRÍTICA*

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