TRUMP DEVE RETIRAR NOVAMENTE OS ESTADOS UNIDOS DO ACORDO DE PARIS
(Foto: Reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)
Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Com um histórico de ações pró-setores de combustíveis fósseis e uma visão crítica das regulamentações ambientais, sua vitória reabre o debate sobre o papel dos EUA na agenda climática global. Como a maior economia mundial e o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, os EUA desempenham um papel central na luta contra as mudanças climáticas, o que torna as futuras decisões de Trump relevantes para o panorama internacional.
Em sua campanha, Trump sinalizou uma linha dura contra regulamentações ambientais. Durante seu primeiro mandato (2017–2021), ele revogou mais de 100 normas ambientais, incluindo proteções para áreas de conservação e regras de emissão de veículos. Essas ações foram acompanhadas pela saída dos EUA do Acordo de Paris, do qual o país voltou a fazer parte sob o governo Biden. A intenção de Trump agora é retirar novamente os EUA do acordo, alegando que as metas de emissão são incompatíveis com os interesses econômicos americanos.
Especialistas do setor ambiental apontam que as ações de Trump em sua primeira gestão resultaram no aumento das emissões de gases de efeito estufa, que estavam em declínio durante o governo Obama. Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP, observa que essa reversão teve impacto direto nos esforços globais de mitigação climática. A atual proposta de Trump inclui reduzir incentivos para veículos elétricos e impulsionar a produção de energia nuclear e de combustíveis fósseis, o que, segundo analistas, pode elevar ainda mais as emissões de carbono dos EUA.
A eleição também traz possíveis consequências para o Fundo Amazônia, uma iniciativa que conta com financiamento internacional para a conservação da floresta. Em 2023, os EUA prometeram uma contribuição de 500 milhões de dólares, dos quais apenas uma pequena parte foi enviada. Com Trump no comando, analistas avaliam que esses recursos podem ser reavaliados, o que poderia impactar os projetos de preservação da floresta.
Conflito interno e impactos no mercado energético
Internamente, a flexibilização proposta por Trump inclui a revisão de regulamentações de emissões automotivas e industriais. Em 2018, o governo Trump reduziu a meta de eficiência de combustível, medida inicialmente proposta pela gestão Obama, gerando um conflito com estados como a Califórnia, que mantêm padrões mais rigorosos de emissões. O setor madeireiro também foi beneficiado durante a primeira gestão, com o aumento da exploração em parques nacionais sob o argumento de prevenir incêndios florestais.
Com a eleição de Trump, especialistas avaliam que a política energética dos EUA poderá atrair investimentos para o setor de combustíveis fósseis, promovendo a liberação rápida de novos projetos de extração. Trump e seus assessores sugerem ainda que parte do financiamento externo dos EUA seja direcionada a grupos que questionam as políticas climáticas, o que poderia reforçar o movimento de descrença na ciência climática.
A perspectiva de um novo governo Trump gera incertezas sobre o ritmo das políticas ambientais e o papel dos EUA em futuros acordos climáticos. Para Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, essa abordagem poderá atrasar os avanços climáticos em um momento crítico. O posicionamento dos EUA, especialmente nas próximas edições da COP, será observado com atenção, já que o país é visto como um dos principais financiadores e emissores da agenda climática global.
*FONTE: PORTAL TUCUMÃ
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