COREIA DO NORTE PODE ENVIAR MAIS TROPAS PARA APOIAR RÚSSIA, ALERTAM AUTORIDADES

Foto: Reprodução/ Record News


Nesta sexta-feira (24), as tropas sul-coreanas informaram suspeitas de que a Coreia do Norte está planejando enviar mais tropas para apoiar a Rússia. De acordo com a AFP, a decisão foi tomada após várias perdas significativas de soldados norte-coreanos durante a Guerra da Ucrânia.

O presidente da Coreia do Sul também ressaltou que a Coreia do Norte está se preparando para realizar testes de armas intercontinentais com o objetivo de atingir os Estados Unidos.

Uma das possíveis motivações por trás desses planos está ligada à possível volta de Donald Trump à presidência. Durante seu primeiro mandato, Trump se reuniu com o líder norte-coreano Kim Jong-un em três ocasiões. Especialistas sugerem que Kim acredita que, com seu programa nuclear em evolução e a crescente cooperação militar com o presidente russo Vladimir Putin, ele possa obter mais influência do que nas cúpulas realizadas com Trump em 2018-2019.

Desde outubro de 2024, o governo norte-coreano tem apoiado a Rússia com artilharia pesada, além de enviar entre 10.000 e 12.000 soldados.

Os serviços de inteligência da Ucrânia, da Coreia do Sul e dos Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de que a Rússia, em troca, forneça à Coreia do Norte tecnologia bélica de ponta, o que poderia desencadear uma guerra nuclear.

Embora os soldados norte-coreanos sejam conhecidos por sua disciplina e treinamento rigoroso, a falta de experiência em combate, aliada ao desconhecimento das planícies predominantemente planas que caracterizam a maior parte dos campos de batalha na guerra Rússia-Ucrânia, os tornou alvos vulneráveis a ataques de drones e artilharia.

A agência de espionagem da Coreia do Sul informou este mês que cerca de 300 soldados norte-coreanos morreram e 2.700 ficaram feridos. No início de janeiro, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy estimou que o número de mortos ou feridos norte-coreanos seria de 4.000, embora as estimativas dos EUA fossem mais baixas, em torno de 1.200.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul afirmou que acredita que a Coreia do Norte está acelerando os preparativos para enviar mais tropas à Rússia, sem especificar como chegou a essa conclusão.

O fortalecimento dos laços militares entre a Coreia do Norte e a Rússia poderia encorajar Kim em suas negociações com os EUA e a Coreia do Sul. Em uma importante conferência política no mês passado, Kim prometeu implementar a política anti-EUA “mais rigorosa”. No entanto, muitos especialistas sugerem que Kim pode eventualmente querer retomar as negociações com Trump, caso ele perceba que o presidente dos EUA poderia oferecer concessões.

As conversas anteriores entre os dois fracassaram quando Trump rejeitou a oferta de Kim para desmantelar seu principal complexo nuclear, um passo limitado de desnuclearização, em troca de um alívio substancial das sanções. Desde então, Kim intensificou o ritmo dos testes de armas, expandindo seu arsenal de mísseis nucleares direcionados aos EUA e à Coreia do Sul.

Na Coreia do Sul, há preocupações de que Trump possa abandonar o objetivo de uma desnuclearização completa da Coreia do Norte, concentrando-se apenas em eliminar seu programa de mísseis de longo alcance, que representa uma ameaça direta aos EUA, enquanto deixaria intactas suas capacidades de ataque nuclear contra a Coreia do Sul.

Em uma entrevista à Fox News transmitida na quinta-feira, Trump chamou Kim de “um cara inteligente” e “não um fanático religioso”. Quando perguntado se entraria em contato com Kim novamente, Trump respondeu: “Sim, eu vou.”

Na segunda-feira, Trump classificou a Coreia do Norte como “uma potência nuclear” e se gabou de seus laços pessoais com Kim. Isso gerou controvérsia na Coreia do Sul, uma vez que Washington, Seul e seus aliados evitaram há muito tempo chamar a Coreia do Norte de estado nuclear, temendo que isso fosse interpretado como uma aceitação de sua busca por armas nucleares, em violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

“Eu era muito amigável com ele. Ele gostava de mim, eu gostava dele”, disse Trump durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval após sua posse. “Agora ele é uma potência nuclear. Mas nos damos bem. Acho que ele ficará feliz em ver que estou voltando.”

Jeon Ha Gyu, porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, afirmou aos repórteres na terça-feira que os esforços para a desnuclearização da Coreia do Norte devem continuar como um pré-requisito para alcançar uma paz duradoura, não apenas na Península Coreana, mas em todo o mundo. O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul também afirmou que coordenará de perto com a administração Trump para avançar na desnuclearização da Coreia do Norte.

A Coreia do Norte não respondeu aos comentários de Trump. Um relatório da mídia estatal divulgado na sexta-feira sobre a reunião parlamentar de dois dias realizada em Pyongyang nesta semana não mencionou se Kim participou do encontro, nem fez referência aos EUA, à Coreia do Sul, à Rússia ou a outras questões de política externa.

Fonte: R7

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