UNICEF ALERTA PARA CUIDADOS COM CRIANÇAS APÓS PERÍODO DE SECA E FUMAÇA NO NORTE DO BRASIL

 

(Foto: Agência Brasil)

A seca prolongada e os incêndios na Amazônia em 2024 trouxeram impactos significativos para as populações ribeirinhas e indígenas, especialmente crianças e adolescentes. Doenças respiratórias e infecciosas, agravadas pela fumaça das queimadas e pela falta de água potável e alimentação adequada e nutritiva, seguem como principais ameaças à saúde dessas comunidades. Além disso, a seca também pode causar problemas como estresse, ansiedade e depressão, especialmente entre agricultores e comunidades rurais que dependem da agricultura e podem sofrer com grandes perdas financeiras. Apesar do retorno gradual das chuvas, o nível dos rios ainda não se normalizou, e a situação demanda atenção contínua.   

A Oficial de Saúde e Nutrição do UNICEF para o Território Amazônico, Lídia Pantoja, destaca que as condições de seca favorecem o aumento de doenças transmitidas pela água como hepatite e diarreias, além de problemas respiratórios decorrentes da má qualidade do ar. A escassez de água também impossibilita o acesso seguro para o consumo humano, preparação de alimentos e práticas adequadas de higiene, o que intensifica o risco de contaminações. Lídia ainda ressalta que o aquecimento global tem permitido a expansão de doenças como malária e dengue na região.  

Cuidados com a saúde das crianças  

O UNICEF recomenda medidas simples, mas essenciais, para proteger as crianças. É fundamental filtrar a água com um pano limpo ou coador de papel e tratá-la com hipoclorito de sódio a 2,5%, prioritariamente. Para cada litro de água, devem ser adicionadas duas gotas do produto, disponível em Unidades Básicas de Saúde. Caso o hipoclorito não esteja disponível, a água deve ser fervida por pelo menos três minutos para torná-la segura para o consumo.   

Além disso, recipientes de armazenamento de água devem ser higienizados regularmente, e alimentos como frutas, verduras e legumes precisam ser lavados em água corrente e deixados de molho em solução de hipoclorito ou água sanitária por 10 minutos.  

Evitar exposição das crianças à fumaça e manter os ambientes limpos ajuda a prevenir doenças respiratórias, enquanto práticas regulares de higiene, como banhos com sabonete e a lavagem das mãos, podem evitar problemas de pele e doenças causadas por microrganismos.   

As doenças respiratórias, como pneumonia e bronquiolite, e as de origem hídrica, como diarreias graves, apresentam sinais de alerta que não devem ser ignorados, especialmente em crianças. Tosse persistente, dificuldade para respirar, febre alta, vômitos e sinais de desidratação, como boca seca e aumento da frequência de evacuações, presença de fezes líquidas ou pastosas, náuseas e vômitos, são sintomas que requerem atenção médica imediata. Diante de qualquer um desses sinais, é essencial que as famílias procurem a unidade de saúde mais próxima para avaliação e tratamento adequado, reduzindo os riscos de complicações graves. 


 Ações do UNICEF no Território Amazônico 

 Em 2024, o UNICEF intensificou ações emergenciais para mitigar os efeitos da crise climática na Amazônia. Por meio do projeto "Respostas à Crise Climática na Amazônia", coordenado pelo UNICEF em parceria com a ADRA, Caritas Suíça e SPM, foram beneficiadas mais de 64 mil pessoas em 196 comunidades indígenas e ribeirinhas. Entre as iniciativas, destacam-se a construção de três cisternas com capacidade de 60 mil litros cada, na região do Rio Solimões, melhorias na infraestrutura de água em 39 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e capacitação de 631 agentes comunitários em Água, Saneamento e Higiene (WASH). 

“Garantir o acesso seguro a água potável, saneamento e práticas de higiene adequadas é fundamental para prevenir doenças e promover a saúde de crianças e adolescentes em situações de crise. Além das ações emergenciais, é essencial fortalecer as comunidades com soluções resilientes e sustentáveis, adaptadas a realidade local e às mudanças climáticas, protegendo, sobretudo, o bem-estar de crianças e adolescentes”, explicou Gabriel Maraslis, oficial de WASH do UNICEF. 

No Pará, o projeto “Emergência Munduruku: Água, Saneamento, Higiene e Promoção da Saúde para Crianças e Adolescentes em situações de Vulnerabilidade da Terra Indígena Munduruku” atendeu povos indígenas do rio Tapajós, pressionados pela expansão do garimpo ilegal, com intervenções em saúde e WASH. Além disso, mais de 32 mil crianças foram indiretamente beneficiadas com capacitações voltadas para agentes indígenas de saúde em oito Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) prioritários nos estados do Amazonas, Roraima, Acre e Pará.   

Em parceria com a Associação dos Povos Indígenas da Terra Indígena São Marcos e com o apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena Leste de Roraima, foram implementadas ações para mitigar os efeitos da estiagem, como atividades de atenção primária à saúde, nutrição, água, saneamento e higiene, que beneficiam diretamente cinco comunidades prioritárias da Terra Indígena.  

Essas ações são parte de uma estratégia mais ampla do UNICEF para fortalecer comunidades e apoiar governos locais na adaptação às mudanças climáticas, assegurando os direitos de crianças e adolescentes mesmo em cenários de emergência. Lídia reforça que “as comunidades impactadas pela seca enfrentam desafios que vão além do acesso à água, incluindo o fortalecimento das capacidades locais para lidar com emergências climáticas e proteger a saúde infantil.”   

 




A CRÍTICA*

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